quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Ying – Yang

Eles se roçam como animais. Maria sente uma mão forte segurando suas nádegas e a outra apertando seus seios. Ela arranha, morde, chupa todo seu parceiro desconhecido. Numa simples olhada, cheia de lascívia, Maria já queria entregar-se a ele.

Maria o leva para casa e vai diretamente para o quarto. O rapaz joga Maria na cama e rasga toda a sua roupa. Maria grita quando sente seus grandes lábios serem molhados por uma língua que faz movimentos rítmicos. Ela se contorce como uma lagartixa insana quando ele a penetra. Ela nunca sentiu prazer igual. Aquele pênis roçando no seu clitóris e tocando no seu ponto G a faz liberar os seus desejos mais íntimos e sensuais. Ela sente um prazer incomparável. Ela sente que se transformou numa nova mulher. Ela sente o orgasmo que nunca teve. Ela sente, ela sente...

Uma mão enforca Maria. Ela abre os olhos e vê na escuridão, um rosto escuro e com um sorriso macabro e nefasto. Seu ar vai embora. Ela agora sente sua vida indo, indo, indo...

O detetive Rogério Bastos, 38 anos, casado com Marta de Freitas há 12 anos, um filho, está chocado. Nunca nesses 15 anos de ofício viu tamanha brutalidade. Policiais choram, desmaiam, vomitam vendo tal cena. Maria da Conceição Ribeiro, 25 anos está morta em seu apartamento. Em sua cama, está o seu corpo colocado na forma de uma cruz, no meio ao círculo formado com todos os seus órgãos. No seu rosto a expressão de pânico. O detetive Rogério não sabe o que fazer.

Rogério olha para os lados e vê toda aquela carnificina. Ao observar o canto esquerdo perto da porta encontra os dizeres: “Seu puto podre...”. Ele não entende as palavras, mas lhe parecem familiares. Ele lê aquilo e pensa qual o motivo para tal ato obsceno para com o ser humano. Ele olha em volta e se vê envolto de sombras por todos os lados. Ele ouvi um BLÉM-BLÉM bem distante e pensa o que ou quem faz tal som incomodo. Perdido em seus pensamentos, ele acorda com uma voz assustadora ao seu lado.

- Detetive Rogério, que crime chocante, não é? Quem cometeria algo assim... Gostaria muito de saber – Rogério olha o policial que fez tal comentário e se assusta. Com um olhar sarcástico e um sorriso satânico ele o observa. Ele o olha com medo e saí daquele local para poder se restabelecer.

Após dias daquele terrível assassinato, Elisângela grita em um beco podre. Ela grita: “Vem meu macho e me come! Sou sua puta agora!”. Ele penetra seus dedos no seu sexo e ela treme de prazer. Ele a coloca de costas, levanta sua pequena saia e penetra no seu ânus. Ela sente uma dor fina e sente todo seu corpo arder. Aquele movimento frenético de vai-e-vem a deixa louca. Ele bate forte em suas nádegas e ela vibra, ela adora ser dominada. Ela sente o pênis penetrá-la. Ela sente um gozo profundo dentro dela. Ela sente um frio em sua garganta. FLASH! A lâmina fria da faca passa por sua garganta e ela não sente mais nada.

O fedor de fezes no beco é insuportável. O corpo de Elisângela Sobral, 37 anos se encontra sem cabeça ao lado de uma lata de lixo. A cabeça se encontra pendurada num poste próximo a cena do crime. Rogério olha a cabeça e pensa como a assassino brincou com ela. Pensa como a fez de pêndulo jogando para lá e para cá. Os corvos vêm para se alimentar. “Pássaros do demônio!” , pensa o detetive.

Ele olha em volta e vê escrito no poste palavras que novamente lhe parecem familiares. “...Sabe quem sou?” Rogério não entende o porquê dessa frase. Ele se pergunta se só ele lê aquilo. Viajando em seus pensamentos, Rogério é despertado por um corvo que pousa em seu ombro. Ele o olha e vê o corvo ri numa gargalhada estridente que faz Rogério correr.

Ele está assustado com tudo o que está acontecendo. Os crimes o chocam e mesmo assim ele sente que já viu algo igual a isso. Ele sente medo. Ele sente...

Rogério levanta assustado com um grito que ouviu. Uma mulher grita alto e desesperado num pequeno casebre atrás dele. Ele saca a arma e vai ao encontro dos gritos. Ao arrombar a porta um susto.

Dentro do casebre um corredor sujo e nojento. Comprido e estrito, o corredor tinha dos dois lados muitas portas. Rogério se enfia dentro daquele casebre assustado com o que vê. Um lugar onde ratos e baratas vivem em intensa harmonia. As paredes são cheias de limo e algumas portas tinham grandes grades a sua frente. Ele passa confuso, sem entender qual o motivo de ter grades dentro de casa e mesmo assim se sente à vontade naquele ambiente. De repente um susto. Ele ouvi mais um grito e pára. Ele olha a sua esquerda e vê uma porta aberta. Com cautela ele entra no quarto e fica assustado.

Um homem está ali carregando uma moça muda. Rogério vê o homem nu e todo ensangüentado beijando a cabeça arrancada do corpo de costas para ele. A ver tão cena bizarra e grita:

- Não se mexa! – grita Rogério, agora observando melhor o assassino – Vire-se para mim filho da puta para que possa ver seu rosto porco e nojento.

- Como você demorou Rogério... – diz o homem – Você não percebe quem eu sou?

- Como sabe meu nome? – diz Rogério assustado. Mesmo assim, ele observa mais o agressor vendo as costa musculosas e o cabelo crespo em tom castanho claro que ele possuí.

- Você sabe quem sou e me conhece muito bem – diz o homem agora largando a faca e a cabeça.

- Quem é você? – grita Rogério sem saber como ele o conhece e olhando as cicatrizes em suas costas – Vire-se ou atiro em você seu sacana.

- Quer que eu me vire? Então ok!

Virando-se o homem projeta-se para cima de Rogério que se espanta com o que vê e...

Rogério acorda. Está completamente suado e assustado. Ao abrir os olhos, ele olha o local onde está. Um lugar sujo e completamente escuro. Olha para o teto e lembra-se onde está. Lembra-se do que fez, sente saudade e ao mesmo tempo uma angústia dentro dele.

- Fiz e...me orgulho? – pergunta-se ele e recorda como foi nefasto e cruel com todas aquelas moças. Seu subconsciente o maltrata sempre que pense nisso. Ele pensa como dentro de um homem o bem e o mal é tão conflitante.

Ao fechar os olhos ele pensa porquê ele tem aqueles sonhos. Ele vai se deitar pensado como pôde pensar nisso. Ele vai se deitar, e deixa, em seu torto caminho vivido, rastro de sangue por todo o seu caminho.


Sanção Maia