segunda-feira, março 21, 2011

Nos tons do fogo

Farfalhar de chamas,
intensidade em cor rubra.
Quente, fervente, aconchegante
ao tocar a pele errante,
delírios platônicos culminam em queimaduras do gostar


Graus em escala crescente
ascendem em mim, inerte e descrente
um vermelho alaranjado
na tez de um crepúsculo feliz


Vem! Fogueira alta e crepitante
esquentar esse frio cadarífero
nas chamas com lascívia repletas de amor
Vem! Escarlate sentimento
se espalhar junto ao vento
e fazer de momentos ímpares, incêndios cupídicos


Rubra flama,
acalenta.
Rubra flama,
esquenta.
Rubra flama,
escarlate apaixonar.


Sanção Maia
16/03 (volta da  inspiração) até 21/03.


Dedicada a Lila Cruz ou melhor, "Minha Ruiva". 

domingo, março 06, 2011

Domingos (2ª versão)

Já são 5h da manhã quando o celular toca. Buiú liga para Marquinhos, que liga para Allison, que liga para Fernando, que liga para Baleinha, que liga para Negão, que continua as ligações. Essa é a rotina de todos os domingos antes das 6h: todos se comunicam para avisar o “baba” na praia da Sereia, em Itapoã. Aos poucos, os 14 integrantes do grupo vão chegando e começam a contar as novidades – Depois do baba, todo mundo na casa do Mazinho pra tomar uma cerveja e comer o feijão de Dona Maria – avisa Buiú, minutos antes de começar o jogo.

Eles escolhem os capitães (os melhores jogadores da “galera”) e após um nada amistoso “par – ou – impar”, decidem quais os atletas de cada equipe. Os goleiros delimitam o espaço do gol e da quadra; as traves são montadas com pedaços de madeira e linhas demarcadas pelos pés de alguns jogadores. Todos pegam um colete (um verde e outro vermelho) e se preparam para o início da partida.

Os times são divididos assim: verde (João, Quero – Quero, Juvena, Negão, Baleinha, Mazinho e Mequetrefe) e vermelho (Allison, Lipe, Guga, Fernado, Buiú, Vandinho e Chulapa). Eles se separam e escolhem quem vai ficar com a bola no cara – ou – coroa. Algumas pessoas que passam pelo local observam o início do jogo; as ondas fazem papel da torcida e dos gandulas.

O jogo começa tenso. Quem passa pelo local fecha o olho ao ver a entrada forte de Buiú em Mequetrefe. Os jogadores se encaram e começam a discutir – Porra, Buiú, cê é otáro é? Tá se  fazendo de maluco? – grita algum jogador em meio a confusão.  Após o início de briga, o jogo recomeça com o time verde indo para cima; Negão passa por dois e toca para Mazinho na esquerda; esse trava a bola com Guga, mas consegue recupera – lá; ele avança para o campo adversário pelo lado esquerdo do campo e inverte a bola para Juvena no lado direito; ele olha a área e cruza: Baleinha marcado por Fernando e Vandinho consegue cabecear a bola que bate na trave e vai para o lado esquerdo; o goleiro do time vermelho comeu areia e quase toma um frango. O jogo foi se estende, os gols aparecendo...

Já são 9h30 da manhã e o placar é de 10 x 09 para o time vermelho. Em poucos minutos, Baleinha chuta a bola, que bate num montinho de areia e engana João. Gol, mas não há tempo para comemorar. Quem perder a partida pagará a segunda grade de cerveja que vai  para casa de Mazinho e isso ninguém quer. O tempo passa devagar e o calor aumenta; todos estão cansados, mas só saem dali quando alguém fizer o último gol. Então, num golpe de sorte, Quero – Quero rouba a  bola de Buiú e avança. O time vermelho está cansado e Quero - Quero parte em direção ao gol de João; ele toca para Mazinho, que de primeira, passa para Mequetrefe que domina e dá uma “caneta” em Fernando e dribla Vandinho e vai direto para a pequena área; João saí desesperado, mas antes dele chegar a Mequetrefe, toca para Baleinha - o artilheiro do jogo - dominar sozinho e dar um toque na bola e marcar o gol.

Gritos de “porra”, “caralho”, “Uh é matador! Baleinha matador” ecoam pela fofa areia e mar  tranquilo da praia. Jogo termina em 11 x 10 para o time verde, com destaque para Mequetrefe e Baleinha, uma entrosada dupla de ataque. Ali eles terminam e discutem o jogo, (novamente alterados) e vão para o ponto de ônibus pegar o transporte para a casa de Mazinho – Desculpa, mas eu sou foda, na moral – gaba –se Baleinha com sua protuberante barriga e seu sorriso fácil.

E assim mais um domingo de “baba” termina. Dentro do ônibus Buiú pergunta para os  companheiros: “Vai ter domingo que vem?”; e a única a ação do grupo foi estapeá – lo e afirmar: “Oh vacilão, claro né? Oh cara burro da porra! Viadão!”


Sanção Maia
01/02/11  modificado em 06/02/11
Os textos com 1ª versões serão melhorados durante o ano até serem definitivos.