São 1h da manhã. Sentado no banco em frente a esse balcão sujo e com cheiro de mijo, passo a mão na minha cara e peço mais uma. Já perdi a conta de quantas cervejas baratas e doses whiskys paraguaios eu entornei. – Oh moral, tem arrocha aí? Bota nessa porra! – assim quase fico surdo com o grito dum filho da puta que está numa mesa perto de mim. Esse corno - junto com seus amigos - precisa dessa música de merda para sentir que tem pau. A cerveja pode ser barata, mas está gelada; pelo menos isso. Dou um gole, arroto, pego meu cigarro, ascendo e dou uma tragada. Difícil não me sentir em casa nessa bodega fedida. – Vou não, quero não, posso não... – nem posso dizer que meu ouvido não é penico; sempre escuto essas merdas aqui e não mudo de lugar, mas há um recompensa.
Quando olho pro lado de fora do pequeno boteco - o som impregnando meus ouvidos - observo a mesa das meninas: um quarteto que ri das cantadas bizarras ou dos broxas que as falaram; cada uma delas em seus trajes curtos e provocantes; cada uma na lasciva função de puta. São 1h40. O cigarro tá quase no fim e já me sinto tonto pelas biritas. As meninas estão agora na coreografia de alguma música que manda colocar ao mão no chão e jogar o rabo pro alto. Só quero olhá-las. Meu estado voyeur é comum nesses dias; não quero comê-las, só observá-las e depois, quem sabe, foder uma delas. Seus rabos mexem de um jeito gostoso; elas sabem disso e vão provocar cada otário que, assim como eu, fica de pau duro só de olhá-las.
Peço a saideira. Já estou num estado bom o suficiente pra andar até meu cafofo. Elas continuam lá na suas danças sensuais e esperam outro para dar em cima delas. Mulheres são assim: tem dias que querem sair pra dançar e dias que dão permissão pras trepadas. As putas dispensam mais um enquanto ainda as observo. Não vou ficar de olho nessas vacas que tem no seu par de pernas grossas e nas suas bundas grandes o poder de roubar minha carteira. Prefiro aquelas dos bordéis e esquinas, pois são mais honestas; pago R$80 e ainda ganho sexo anal. Essas quatro - com todo o respeito - são apenas filhas da puta que querem se exibir em algum realithy show e fuder com algum famoso. Elas esquecem que pessoas normais como eu e outros derrotados daqui são o máximo que elas vão impressionar e transar.
Faço o caminho pra casa. Já são 2h10 da manhã e como imaginei, não comi ninguém. Diga alô pra Latoya e pra Tiffany, dois travecos com quem bebo toda semana. Elas estão sempre com uma animação incomum e chula que me faz rir. Lembro que não comprei pão. Espero que ainda tenha sobrado algo do almoço. Ainda penso nas gostosas do bar; talvez devesse comê-las ou apenas podia ter deixado meu telefone. Essa madrugada será só minha, da cerveja, do cigarro e da minha querida guitarra Sandy; essa será um madrugada com minha amada solidão.
Chego em casa, vou até a cozinha e pego um cerveja. A Sandy como sempre deitada na minha cama; ligo o amplificador, ascendo um cigarro e começo a tocar um blues. Os lamentos da noite vão me alimentar e o sexo com a solidão vai ser tão gostoso que meus orgasmos virão em rios de lágrimas. Como as putas do bar, a vaca da solidão só me usa e joga fora: a única diferença é que ela sempre volta e me abraça todas as noites. Como diria o ditado: quem não tem cão, caça com gato; no meu caso, nesta noite, bate uma punheta.
Sanção Maia
13/02 (até volta a inspiração) a 20/02.
Pra saber mais sobre esse personagem leia o primeiro texto - Parte 1
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